Mas como professora tenho
a ideia que contribuí parra a educação e crescimento de muitas Meninas /
Mulheres. E sei como elas vêem as suas mães, e como se revêm no Universo
Feminino que lhes é transmitido pelo lado Feminino da sua família.
Costumo pedir aos meus
alunos, quando explico a narrativa; os contos (de fadas ou reais), a propósito do
papel do Herói da história – um texto pessoal e criativo com o tema: “O meu
Herói/ a minha Heroína”. Seria de esperar que aos 15, 16 anos as raparigas
escolhessem uma figura do seu imaginário dos livros, da música ou até do mundo
da moda. “Wonder Woman”, “Ariana Grande”, ou “Gigi Hadid”, seriam nomes que eu
estaria preparada para ler nas suas composições.
Mas não, nada disso. As suas
composições começam quase sempre com este título – A minha mãe, ou a Minha Avó.
Nas Mães admiram a força,
a personalidade, a coragem, nas Avós a doçura e a ternura.
E eu penso se estaremos à
altura de ser Mães destas Mulheres em flor.
As Mães, das meninas de 15
anos são muito jovens e a cultura moderna Pop, mainstream, faz com que a Juventude Eterna seja o desejo e a
ambição das Mulheres de hoje. E as mães tornam-se as “amigas” das filhas. Vestem
as mesmas roupas, ouvem as mesmas músicas, vão às compras juntas, aos mesmos
bares, por vezes aos festivais de verão. E as meninas dizem – A minha mãe é a
minha melhor Amiga. Estas cumplicidades que se desenvolvem são envoltas em
amor, sem dúvida, mas algo falta neste quadro que por vezes confunde mães e
filhas.
As meninas já têm as suas
amigas. As amigas, as que elas escolhem para fazerem parte do seu dia-a-dia,
são as outras meninas da sua idade. E é com as amigas que as Meninas / Mulheres
começam as primeiras descobertas ao entrar no mundo dos adultos. Mas também é
com as amigas que é “permitido” fazer as “asneiras” da adolescência e partilhar
segredos. Com as amigas fumam os primeiros cigarros às escondidas, bebem o
primeiro shot às escondidas, fazem um piercing
na língua às escondidas. Não é função das amigas, nem delas se espera as
críticas, nem os avisos de “cuidado que isso é perigoso” nem a desmotivação
para todas as loucuras que passa pela cabeça de uma menina de 15 anos. As amigas
estão lá para que se uma diz “mata” a outra diz “esfola”.
Unidas para a
aventura da vida, mesmo que haja perigo à vista. Porque os adolescentes não
sentem o perigo como os adultos. O seu cérebro só está totalmente formado pelos
19 ou 20 anos… ou seja, precisam de um adulto ainda por perto.
É aí que entra o papel da
Mãe. Se a Mãe é a companheira ideal para ir “beber uns copos”, ou com quem se faz uma tatoo aos 15 (que daqui a uns anos não parecerá tão boa ideia), com
quem podem contar as meninas para lhes dizerem “Não podes fazer isso com esta
idade, mais tarde quando fores adulta, logo verás se ainda te apetece”
As Meninas precisam das Mães
para entrarem no mundo adulto feminino, precisam dos ensinamentos das Mães
sobre o que é ser Mulher adulta e agir em contexto social ou familiar, precisam
desta “linhagem Feminina” com a qual se identificarão, mas precisam sobretudo
de indicações concretas para os seus 15 anos.
E precisam de ouvir uma voz
adulta que as orienta e tanto pode dizer “Sim” como “Não” aos seus desejos
naturais de adolescente. Ouvir a palavra “não”, acompanhada de um “porque…”,
poderá ser decepcionante no momento em que a ouvem, mas fará muito sentido
passado algum tempo. E sabem que têm uma Mãe / Amiga que as protege, não para
sempre, mas aos 15 anos essa protecção e orientação fará com que cresçam mais seguras
nas suas escolhas de Mulher em Flor.
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