Despacho n.º
7247/2019
“Sumário:
Estabelece as medidas administrativas para implementação do previsto no n.º 1
do artigo 12.º da Lei n.º 38/2018, de 7 de agosto.
A Lei n.º 38/2018,
de 7 de agosto, veio estabelecer o direito à autodeterminação da identidade de
género e expressão de género e à proteção das características sexuais de cada
pessoa” (…)
Mas o que é que não percebem?
Que a escola é inclusiva, que deve proporcionar a to@s os jovens e crianças
oportunidades iguais, independente do seu género, sexo, religião, etnia, necessidades
especiais e background social e cultural?
É isto que fazemos nas escolas – ensinamos, educamos, protegemos e ajudamos
@s jovens e crianças a desenvolver personalidade e capacidade de agir em
sociedade.
Somos professor@s, alun@s, técnicos e assistentes. Somos cidadãos de direito
nas escolas.
Mas por estes
tempos já não somos tratados como cidadãos.
Somos armas de arremesso dos partidos e carne para canhão para os
jornalistas e comentadores – sejamos professor@s, camionistas, trabalhador@s, feministas,
gays, pessoas transgénero ou qualquer outra coisa que seja politicamente bem
aproveitado. Vale tudo.
Sou professora. Dou aulas há 38 anos e tive uma aluna Transgénero. Conheci
esta jovem, ainda rapaz e sei que a sua transição só foi realizada e assumida
depois de acabar a escola. Hoje é uma Mulher linda, realizada e produtiva na sociedade.
Com uma enorme coragem e de grande valor como ser humano e Mulher.
Provavelmente não lhe foi possível assumir a sua condição de Trans na escola
secundária. Passou-se há alguns anos e a cultura LGTBQ ainda era vista como “algo
que existe, mas não se pode falar muito”. Hoje a cultura LGTBQ tornou-se mainstream e ainda bem. Os e as jovens
assumem cada vez mais cedo a sua identidade de género e a sua orientação sexual
(que são duas coisas diferentes).
Tive talvez outros e outras que não se assumiram durante a escola, porque
convenhamos, não vivemos numa sociedade que aceita as diferenças. Principalmente
esta diferença que a população não entende de todo. E quando não entendemos
algo, temos medo. E o medo transforma-se em recusa, em incompreensão, em ódio.
Mas vivemos um tempo de Informação. Temos obrigação de, pelo menos, ler o que se passa à nossa volta, sem ser as fake news.
A Organização Mundial de Saúde já
deixou de considerar a Transexualidade como transtorno de identidade de género", deixando de ser considerada uma "doença mental".
Neste momento a transexualidade é vista como uma "incongruência de género".
Não é preciso pensar muito para perceber que uma pessoa que nasce com um corpo
oposto à sua identidade como pessoa, deve sofrer muitíssimo com
essa incongruência com que se depara. É normal, portanto que recorra a médicos,
tratamentos e procedimentos legais para conseguir que a sua identidade seja aquela
com que se identifica, independentemente dos genitais com que nasceu.
Aviso para quem não quer
cometer erros de comportamento e insensibilidade – não se pergunta a uma pessoa trans se já fez a
operação final (A operação de mudança dos órgãos genitais). Esta questão, além
de não ser pertinente para os outros, diz apenas respeito à própria pessoa e a
outros e outras com quem ela escolha relacionar-se intimamente.
O que pode fazer, então a escola para acolher est@s jovens e crianças
Trans? Pode fazer tudo o que faz pelos outr@s. Respeitar a sua intimidade, proteger a sua
personalidade, acolhe-l@ nas turmas, ensinar as matérias, e proporcionar a logística
necessária, ou seja casas de banho e balneários onde se sintam confortáveis protegidos.
(Isto não é um bicho de sete cabeças… garanto).
Não se assustem os que, não compreendem este tema, porque não vamos ter imensos alunos Trans a
fazer filas nas casas de banho. Estamos a falar de uma minoria, mas basta que haja
Um/a jovem numa escola a precisar cuidados especiais, para que a escola tenha
obrigação para responder a essas necessidades.
E para os que não compreendem, ou criticam ou recusam perceber, só vos
posso dar um conselho. As pessoas Transgénero existem e podem ser da vossa
família. Oxalá não sejam.
Tereza Lamy
Comentários
Enviar um comentário