Leram bem o título Não vou falar
das aulas de Educação Sexual que deveriam ser dadas na escola.
Vou falar mesmo
de Educação Sensual ou Educação para a Sensualidade que não faz parte de nenhum
currículo oficial que eu conheça, mas que perdemos todos muito, por não fazer.
Sensualidade é uma
palavra que vem de sentidos – os tais 5 sentidos que sabemos de cor tal como
aprendemos as cores. É matéria que faz parte do jardim infantil.
Mas hoje vou falar da
Sensualidade nos adultos, a matéria que fica esquecida pela vida fora e nunca
mais se pensa nela, aprende-se alguma coisa sobre Sexualidade, inicia-se a vida
Sexual, sabendo umas coisas sobre anatomia dos órgãos genitais, viram-se uns
filmes de gosto duvidoso e a vida sexual das pessoas segue em frente.
Era de esperar que com
500 revistas que vejo todos os dias nos quiosques, quer para o público
Feminino, quer para publico Masculino que trazem sempre títulos com a palavra
SEXO no meio, todos os adultos estivessem bem informados sobre o tema e
tivessem uma vida sensual e sexual satisfatória. Pois, minhas caras amigas, não
é o caso, ou os consultórios de terapeutas sexuais estariam vazios, e garanto-vos
que não estão.
Com base na minha
curiosidade no tema, fiz um curso de pós graduação de Sexualidade Clínica e
Terapia de Casal, fui assessora de uma marca de assessórios para a saúde sexual e sensual feminina, bem como tenho largos anos de prática de Tantra (filosofia ou
arte milenar oriental) onde adquiri conhecimentos que me levaram a realizar workshops
sobre o tema - Sensualidade e
Sexualidade humana, principalmente para Mulheres, mas também para público
misto.
E é esta história que vos
vou contar hoje – O Jogo dos 5 sentidos –
O workshop era composto por vários
casais muito jovens. Mas todos eles eram namorados, alguns já viviam juntos e um
dos casais iam casar. O workshop era a prenda de despedida de solteiros que os
amigos decidiram oferecer ao casal. Resolvi começar por fazer uma brincadeira
(parece uma brincadeira, mas resulta em coisa séria).
E anunciei – “Vamos fazer
o jogo dos 5 sentidos!” Claro que sabem quais são os 5 sentidos, disse ao meu
público…
”Risinhos nervosos, mas a noiva enervada, tomando-me como sua aliada, gritou-
“Pergunte-lhe – apontando para o noivo, pergunte-lhe se ele sabe quais são os 5
sentidos, aposto que ele não sabe!
Ora como toda a gente sabe
os 5 sentidos aprendem-se no jardim infantil – Tacto, Olfacto, Paladar, Audição
e Visão.
O noivo corou e atrapalhou-se. Risota geral dos outros. O que esta noiva
queria dizer com esta explosão de irritação é que imediatamente percebeu onde
eu iria chegar com o meu jogo e quis-me dizer a mim e a todos, que ao noivo lhe
faltava sensibilidade. Percebeu o jogo de palavras “Sentidos, sensibilidade”.
O
noivo atrapalhou-se e não conseguiu responder. Iam casar dai a dois ou 3 dias.
Ora minhas amigas, se
amam um homem não há nada mais destruidor para o seu Ego como esta
desvalorização pública da sua competência, esta demonstração da sua falta de
capacidade para fazer algo. O inverso também é verdade. Amar é apoiar, é
estimar, é valorizar…
Mas a noiva continuava – “Ele
não sabe sequer fazer uma massagem, uma festa” (e eu ainda nem tinha começado o
jogo…) Esta noiva não só me boicotava o workshop como boicotava a auto estima
do noivo.
Então pedi ao noivo – “Mostra-me
as tuas mãos”. A medo, envergonhado, ele mostrou. Eram mãos muito calejadas de
trabalho manual, mãos que tinham perdido muito da sensibilidade que se pretende
de uma festa, de uma carícia.
Percebi onde estava a
irritação da noiva e o desconforto do noivo. Não somos perfeitos nenhum de nós.
Mas o segredo da relação amorosa está em descobrirmos a beleza do ser humano
que amamos, tal qual ele é. E na aceitação de nós próprios. Somos belos, como
somos.
E começámos o jogo. De
olhos vendados. Casa um de cada vez, começando pelos homens de olhos vendados. Cada
casal frente a frente. Privando-os do sentido mais óbvio, o que usamos com mais
frequência, levei-os a tomar consciência de todos os outros. Quem é este ser humano
que tenho à minha frente? A que cheira? De que aromas gosta? A que sabores é
mais sensível? Doces, amargos? Como sinto a sua pele? As mãos são a extensão do
coração, tocam e sentem, as mãos calejadas podem tornar-se suaves se forem
amadas tal como são, se forem amaciados por um óleo ou creme de massagem, mas assim
mesmo, as mãos da pessoa que amamos de olhos fechados, ou quais os sons ou os
silêncios que tornam o outro feliz?
Este jogo é bastante mais
complexo, mas tem o efeito de despertar os sentidos dos casais, a sua
sensualidade, e o seu desejo sensual, posteriormente o seu desejo sexual.
Esta educação para a sensualidade
faz-se a dois, com paciência e amor, por vezes com silêncios, por vezes usando
os sentidos, por vezes com diálogo, com comunicação.
Não é necessário partir
logo para uma extraordinária performance sexual como se vêem nos filmes de
ficção pornográfica (aquilo é ficção, mesmo).
A sensualidade é uma das
coisas mais belas que um casal pode treinar em casa e não me digam que não têm
tempo… essa desculpa não pega.
Voltaremos noutra crónica
ao tema e aos jogos.
Para quem gosta de ler
sobre o tema – livros recomendados:
“As palavras do Corpo” e “Minha
Senhora de Mim” de Maria Teresa Horta
NOTA – nesta página do lado direito encontram vários terapeutas sexuais (de casais e individuais) e psicólogos clínicos
que eu conheço e recomendo.
Excelente! Gostei.
ResponderEliminarLovely, truly,deeply amazing!
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