Violência no namoro

Este tema tem sido ultimamente muito debatido nas nossas escolas, com palestras, debates, trabalhos muito bonitos e bem-feitos dos alunos, acompanhados de campanhas de várias associações de apoio à vítima.

E muito bem. É uma realidade preocupante.

Mas não é uma realidade nova. Sempre houve violência doméstica no casamento. Só que há 100 anos se namorava à janela e só depois do casamento começava a intimidade e por vezes a agressão. Agora os jovens iniciam a intimidade sexual e social assim que iniciam uma relação amorosa (será que se pode usar a palavra amor nestes casos?) e a agressão começa logo no namoro. Óbvio.

Não é uma coisa da actualidade, dos nossos dias. Não é provocado pelos filmes da Televisão e jogos violentos do computador, telemóvel e PS4.

Os jovens em idade de namorar sabem muito bem distinguir realidade de ficção. Sabem bem a diferença entre a Katniss Everdenn (Hunger Games) ou Amanda Ropley (Alliens Isolation)  e a menina com quem namoram. Oxalá a menina com quem namoram tivesse um pouco do poder das duas personagens que eu referi. Mas elas são ficção. A namorada é realidade.

Os jovens de hoje o que conhecem é a realidade em que crescem e são educados. E conhecem aquilo que se chama a sua linhagem masculina e feminina. Olham para os pais e toma-nos como modelos a seguir, ou modelos a evitarem. A escolha a partir de uma certa idade é deles. Ma assistem ao que se passa dentro das suas casas.

Eu convivo com jovens. Há alunos na escola que em vez de passarem o tempo preocupadas, com o estudo e as suas tarefas para passar de ano e as perspectivas de futuro, estão em pânico todo o dia a pensar se o pai vai agredir a mãe mais uma vez, se é dessa vez que os pais se vão divorciar, se o seu mundo vai desabar.

Apenas dois Factos para vos contextualizar - Conheci uma menina adolescente que sozinha conseguiu empurrar o pai agressor para fora de casa, trancar a porta com a mãe e irmãs crianças dentro de casa e chamar a polícia. Conheci um rapaz adolescente que ao assistir repetidamente a agressões do pai para com a mãe e restante irmãos e a ele próprio, tirou a sua própria vida.

Há jovens que crescem em ambientes assim, com famílias desestruturadas e crescem sendo óptimas pessoas, maravilhosos seres humanos. Felizmente conheço muitos. São os que fazem escolhas em consciência, que florescem apesar de tudo.

Há jovens que repetem modelos. Meninas que se deixam manipular e abusar pelos namorados, porque seguem a linhagem feminina da mãe, que lhes passou essa fragilidade e resignação. Por vezes estas meninas também não tiveram um pai que as estimasse em crianças e que lhes fortalecesse a sua auto-estima. Vão buscar no namorado todos os afectos que não tiveram em criança. Não amam o namorado. Amam a imagem que constroem de si próprias ao imaginarem que encontraram uma pessoa que as ama.

Os rapazes repetem a linhagem masculina. Viram uma mãe a ser desrespeitada, maltratada, humilhada e resignada. Um rapaz que não respeita a sua mãe, nunca saberá o que é respeitar uma mulher. Meninas, este é um sinal de alerta. Observem como eles tratam as mães.

E neste assunto, nós as que somos mães, teremos de pensar bem na educação que damos aos nossos filhos Homens.  

Quanto às Meninas / Mulheres. Mantenham-se unidas, para já. Este é o meu conselho (não costumo dar muitos).


E não acreditem nos príncipes encantados das histórias das Princesas. Vocês não são princesas frágeis e delicadas. 
São Mulheres inteligentes e cheias de vontade que estão a escolher os vossos caminhos. 
Também não acreditem na metáfora da alma gémea. Segundo aprendi há pouco tempo parece que cada pessoa tem perto de 10 ou 12 almas gémeas neste mundo, por isso é procurá-las.

 E finalmente, não acreditem na metáfora de que somos metade de uma laranja que anda à procura da outra metade para ficar completa. Nós somos a Laranja Inteira. Nascemos assim, uma laranja Inteira.
 Podemos encontrar outras laranjas bonitas, mas que nos tratem bem e não nos empurrem para o chão. Mas somos inteiras. Vale?

Site da APAV associação de apoio à vitima no namoro 

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