One Night Stand


Hoje o tema é levezinho. Vamos lá dissecar isto de forma científica.

“One Night Stand” é uma expressão idiomática em estrangeiro que se usa muito e que quer dizer em tradução livre na nossa língua portuguesa complicadíssima, qualquer coisa como “Uma noite de sexo com uma pessoa que não conheço lá muito bem e provavelmente não vou ver outra vez”.

As mulheres que já passaram por uma situação destas vão identificar-se com o que vou contar. (ou não, o que é bom, pois o que se quer são opiniões variadas). As que não passaram, (acho que são um bocadinho mentirosas, mas eu sou crédula) conhecem de certeza uma amiga de uma amiga de uma amiga que já passou por isto  e têm com certeza a sua opinião sobre o assunto.

Esta “noite de sexo com uma pessoa que não conheço lá muito bem e provavelmente não vou ver outra vez” geralmente começa com um encontro casual que pode ser numa festa, numa discoteca, ou na Internet, através das redes sociais. (Quem nunca conheceu um homem numa rede social, como o facebook, tinder, meetic, grindr, badoo, pinterest (mais sofisticado) ou instangram (para experts em social media) levante o braço (quem levantou um braço é um bocadinho mentirosa, mas vá lá, eu sou uma pessoa crédula por natureza. (Será um bom tema falar sobre os encontros on line, mas isso fica para outro dia)

Vamos imaginar que este encontro prévio correu bem, até já pode ter havido um café rápido e combina-se um jantar. Já se tinham trocado também ideias e conversas on line e ao telefone e vamos lá escolher um local agradável ao gosto dos dois, onde não seja lá muito provável encontrar a família ou amigos chegados, não vão eles quererem partilhar a mesa, e a conversa vai fluindo. 

Bebe-se vinho, saboreia-se a comida, estende-e um pouco mais o jantar com sobremesa e principalmente a conversa é agradável. 

Chama-se a isso criar o fenómeno de “empatia”. Aquele Homem partilha das nossas ideias, ou pelo menos mostra interesse nelas, tem histórias engraçadas para contar, ri-se das nossas piadas, é educado com o empregado de mesa, é uma pessoa simpática com quem apetece prolongar o encontro. Ou seja “está-se bem”. 

Criou-se mais que simpatia com aquele ser humano, criou-se empatia, identificação com este homem, começamos a vê-lo com os olhos de Mulher e o desejo de união Homem / Mulher ou atracção física/ sexual/ intima / emocional instala-se.
A nossa libido (desejo sexual) pode disparar e temos vontade de conhecer este homem mais intimamente.

A noite de sexo acontece, na casa de um ou de outro, depois, ou durante boa música, mas um copo de vinho e deixa-se fluir. Não foi o sétimo céu, mas caramba, é a primeira vez, também não podemos exigir que o homem tenha logo o GPS para o mapa do nosso corpo e conheça todas as zonas erógenas e mais sensíveis logo na primeira vez. 

(Aviso que as zonas erógenas variam muito de mulher para mulher e cada uma deve conhecer muito bem as suas para avisar o(s) parceiros(s), sem vergonhas, porque eles não são adivinhos…). Mas isso será outra lição que não estamos aqui para tecnicismos.

A noite termina (todas as noites terminam com um novo dia. o que é uma das maravilhas da nossa existência) e um tem de partir. Normalmente aquele cuja casa onde dormiu não é a sua. Uma despedida com um beijinho e um “Então até breve, a gente vê-se”… ou “então a gente vai-se falando…”.

Não estou dentro da cabeça dos homens para os analisar, nem quero. Mas conheço muitas mulheres, e sou uma! E na cabeça de muitas mulheres, depois de um encontro destes, cria-se uma emoção que se chama “expectativa”. Ou seja… um emaranhado de pensamentos e sentimentos que resultam nisto:

- a noite correu bem, ele vai-me ligar hoje de certeza.
- ele tem alguns defeitos que eu não gosto, mas com o tempo eu consigo mudá-lo.
- Será que este é o tal? Vou ter mesmo um namorado?
- Tem dois filhos, mas eu gosto de crianças, podemos passar fins-de-semana tão giros.
- Acho que a minha família vai gostar dele.

(o tempo passa…não há telefonemas, nem mensagens, nem contactos, nem nada)

- Telefono? Mando mensagens? – Mando uma- (sem resposta) – mando outra – resposta vaga “estou com muito trabalho, quando eu puder ligo”.

Agora na cabeça de nós mulheres o sentimento começa a mudar -  chama-se a isto “rejeição”. É um sentimento que dó. Dói bastante, porque vai buscar feridas anteriores, toda a gente já se sentiu rejeitada na vida, desde criança, mesmo quando a mãe ou o pai disseram, “sai daqui que não tenho tempo para ti.” Esquecemo-nos que nós também já rejeitámos alguém…

Há ainda outros dois sentimentos piores – O arrependimento, a culpa.

- Eu não devia ter ido para a cama com ele. (Alguém vos obrigou ó Mulheres Grandes e Fortes e Poderosas?)

Há ainda outro sentimento péssimo – Culpar o Homem.

- Todos uns canalhas, só querem sexo e largam-nos! (Ó minha Amigas Inteligentes e Fabulosas, ele pediu-vos em casamento? Pediu-vos em namoro? Combinou dias e dias de romance convosco? Não. Ponto.

Portanto, assim à laia de conclusão.
Frida Khalo


O que importa é que se nos apetecer ter a tal “noite de sexo com uma pessoa que não conheço lá muito bem e provavelmente não vou ver outra vez”, o façamos em plena consciência. É isto que eu quero fazer. O meu corpo, a minha cabeça, o meu coração – estou empenhada em ter one night stand.
Pode ser uma experiência maravilhosa, pode se assim assim, pode ser menos boa.

Como tudo na vida. Mas estou preparada porque fui Eu que escolhi. O que acontecer depois, não sei, ninguém sabe. Mas este momento, esta escolha é minha, como Mulher, sou eu que decido, pode ser bom ou mau, posso sentir-me culpada ou arrependida, tudo pode acontecer depois, mas agora neste momento tenho a noção e sei ao que vou e com plena consciência. 

Ou vou ou não vou. Mas sei ao que vou!








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