Educação Sexual para Adolescentes

Este post de hoje é para os mais jovens. Vou falar um pouco de Métodos Anticonceptivos

- Mas apenas de alguns métodos, que isto não é o centro de saúde. Os adultos estão dispensados desta seca, porque já sabem tudo e não vale a pena revisão da matéria dada.

Aliás os jovens também já sabem isto de cor e salteado. Enfim, é como tudo, há vários níveis de atenção nas aulas…. Aqui há uns anos, numa das aulas em que iniciei o Plano de Educação Sexual numa turma de 12º ano, para fazer um diagnóstico do que já se sabia, perguntei, confiante das respostas

 – Então que métodos anticonceptivos conhecem? – As respostas lá vieram. “Pílula, Diu, Implante, Preservativo”… esgotavam-se as hipóteses até que um aluno lá atrás diz em voz bem alta- “Ah, e aquele do “coito arrependido?”

Depois da gargalhada geral, ele não ficou aborrecido, que é um bom rapaz, e eu lá consegui conter o riso dizendo:

– “Ó filho, se não houvesse crianças nascidas por coito arrependido eu já não tinha trabalho, que já tinham fechado metade das escolas”.

 Lá comecei a aula a explicar o “coito interrompido”, que era o que ele queria dizer e a coisa começou bem. Por vezes basta quebrar o gelo com uma piada e um assunto muito sério torna-se leve e assim ainda mais sério se aprende bem.

Todos os anos levam com esta matérias nas aulas de ciências, biologia, sessões de esclarecimento e tal... As escolas chamam profissionais de saúde à escola, que numa infinita paciência explicam com “power points”; dão folhetos explicativos (com sorte levam preservativos e tudo) e estão ali nas escolas a explicar aos meninos os chamados Métodos anticonceptivos ”. 

Estes são cerca de 20, divididos em: Naturais; de Barreira; Hormonais; Intra-uterinos; Permanentes; Alternativos… a meio dos slides destas sessões cheios de nomes técnicos e desenhos complicados já metade dos adolescentes estão a brincar com o telemóvel.  (nem eu dou tanta gramática numa aula para decorar!)

E tenho tanta esta certeza, que eles não decoram aquela matéria toda, porque todos os anos eu tenho pelo menos uma ou duas meninas grávidas na minha escola e “ Portugal tem a 8ª maior taxa da UE de gravidez entre adolescentes.”(SIC Notícias, Janeiro 2013).

Agradeço a quem tenha dados mais recentes, por favor, mos faça chegar.

Muitas destas meninas levam a gravidez até ao fim, são acarinhadas e apoiadas nas escolas, chegam a levar os seus “nenucos” às escolas, mas não conseguem prosseguir os estudos muito mais que o 11º ou 12º anos. Outras interrompem a gravidez, processo que é legal em Portugal “A IVG (interrupção voluntária de gravidez) poderá ser realizada até às 10 semanas e 6 dias, implicando o consentimento informado do encarregado de educação se a adolescente for menor de 16 anos.” (Ao abrigo da lei 16/07), mas que lhes deixa marcas psicológicas por vezes muito graves.

Por isso vou falar apenas de UM MÉTODO hoje, que estas aulas são uma seca, eu sei.

 - Primeiro método (fui eu que inventei) – Podem namorar, dar beijinhos, festinhas, tocar os corpos um dos outro, sentir, amarem-se muito, sentirem a pele nua, até que um dos dois diga: STOP, ou NÃO (é a mesma coisa). Aí, mesmo que o outro queira continuar a “curtição”, acabou-se. Um “não”, quer dizer “eu estava a gostar muito, mas a partir de agora já não estou a sentir-me confortável. Já não estou a gostar, quero parar”. O outro respeita e parou. Isto é válido para Rapaz / rapariga, ou rapariga / Rapariga ou rapaz / rapaz. (Falaremos de identificação e orientação sexual noutra aula).

Vamos falar dos rapazes – Bora “stora”, “Somos os maiores, dizem eles, sempre” - Na adolescência os rapazes estão numa fase hormonal em que a Testosterona, hormona masculina, exerce um papel muito importante na boa disposição, força muscular, excitação e orgasmo. Na adolescência esta hormona faz-se sentir com muita potência, logo a sua forte presença no homem explica a grande apetência sexual que lhes é característica. (Risos dos rapazes para as meninas de como quem diz.. Tão a ver, tão a ver?)

Vamos falar das Raparigas – Com o aparecimento da menstruação (a 1º menstruação chama-se Menarca) que é uma fase muito linda da vida de uma menina, surge a hormona chamada estrogénio, hormona feminina, por excelência, produzido pelos ovários, e a Progesterona que é, segregada após, cada ovulação e que influencia o humor, propicia o aparecimento de acne e equilibra os estrogénios. Logo, se cada Mulher tem um ciclo menstrual de 28 em 28 dias, estas duas hormonas influenciam o seu estado físico e emocional, deixando-a instável durante esses 28 dias. É preciso conhecer a fase do ciclo em que cada mulher está para a compreender. Aqui as meninas sorriem para os rapazes e sentem-se as Maiores – “Viram, como somos giras? Somos diferentes, originais, imprevisíveis…” Eu concordo com elas, obviamente!

Assim sendo, na relação amorosa, os rapazes estão prontos para o acto sexual completo e rápido e muitas vezes. As meninas, embora as suas hormonas e os seus órgãos internos estejam prontos para que o seu corpo já possa acolher um bebé, o seu estado emocional ainda não está preparado, nem para ser mãe, nem para muitas vezes ter uma relação sexual completa, ou seja com penetração. 

Por isso, existem as caricias mútuas, a masturbação mútua ou própria e satisfatória para ambos. Isto não significa abstinência. Significa respeitarem o corpo um do outro, o tempo que cada um precisa para que o acto amoroso seja bonito, em harmonia e no seu devido tempo.

O mais importante é que são todos diferentes e cada um tem o seu tempo. Quando os alunos me perguntam – qual é a melhor idade para iniciar as relações sexuais? Eu respondo:

- Aos 40. Nessa altura já têm casa própria e não vão incomodar os vossos pais.

Prometo explicar os outros num próximo post.

NOTA - Caso queiram podem deixar questões na caixa das perguntas (comentários do blogue ou mensagem privada do facebook)