Hoje queria muito falar
da Mulher que mais inspirou a minha vida como Mulher e Feminista, que é a Maria
Teresa Horta. Tenho muitas coisas para falar sobre a Maria Teresa, mas vou
esperar para dia 7, porque vai ser reeditado o seu livro “Ema” que estava
esgotado há muitos anos e é com enorme prazer que o vou ver nas livrarias outra
vez. Aliás, acho que vou falar sobre ela todos os dias. E pronto.
Quando eu digo que sou
Feminista, ainda há, nos dias de hoje, pessoas que torcem um pouco o nariz,
tanto homens como mulheres. “Que já não tem lógica, que isso fez sentido
noutras épocas, que agora somos todos iguais, que há mulheres em cargos
políticos, médicas, mulheres poderosas, e tal e tal, continuam…” e habituei-me
a desligar alguns botões à medida que fui crescendo.
Por isso criei o blogue.
Para falar do que me apetece, sem ter de ser lógica ou bem-educada. Vocês podem
comentar, e eu até fico contente, mas é só se tiverem paciência de ler isto até
ao fim. Continuando, que tenho mil ideias para escrever hoje e já não sei onde
ia.
A essas pessoas que dizem
que o Feminismo já não faz sentido, eu não respondo com cotas dadas às mulheres,
com números, com percentagens, com mulheres de países desenvolvidos (que estão
nos parlamentos e nos governos em números aceitáveis);
e mulheres de países
subdesenvolvidos onde ainda se pratica a excisão sexual nas meninas até aos 14 anos (o que, para quem não sabe, significa a remoção do clítoris e, a
remoção dos grandes e pequenos lábios e encerramento da vulva, deixando um
pequeno orifício para que o sangue menstrual seja expulso e apenas a vagina é
deixada aberta para as relações sexuais e o parto. São por vezes as mulheres
mais velhas das aldeias que fazem os cortes nas meninas, sem anestesia, e
utilizando apenas uma lâmina ou uma faca.
De acordo com números
divulgados por várias ONGs calcula-se que perto de três milhões de raparigas
sejam submetidas a esta prática todos os anos. “Ao todo, são perto de 30 países
que praticam ainda a mutilação genital feminina.” (informação recolhida num
site da internet)
Ficaria demasiado extenso
escreve-los aqui todos. Estão ao vosso acesso na Internet ONGs sobre Direitos
Humanos.
Esta prática não está
associada a nenhuma religião em particular, é uma prática ancestral e vários
povos a usam.
É uma prática que
escraviza um ser humano que teve o DESTINO de NASCER MULHER, com o objectivo de
prevenir que as mulheres sintam qualquer prazer sexual com o seu corpo e seja
apenas um objecto de pertença do homem que a possui para mera reprodução. São
transaccionadas, vendidas pela sua família aos homens que as vão usar com mais
crueldade e desumanidade do que os animais domésticos que usam para a sua
alimentação e outros usos domésticos.
E sim, sou Feminista. Enquanto
neste Mundo houver uma menina que sofra no seu corpinho e na sua alma esta atrocidade.
E sim, sou Feminista, desde que me lembro de ser gente. Desde que me vi ao
espelho e vi o meu corpo de menina a crescer e ser Mulher. Nessa altura não
sabia que havia meninas que sofriam o que acabei de contar aqui – a Excisão
Genital Feminina.
Mas percebi muito cedo que estávamos por favor num mundo de
homens.
Trabalho de Craig Tracy |
A Câmara Municipal de Sintra promove o 2º Encontro Regional para a Intervenção Integrada pelo Fim da Mutilação Genital Feminina, que se realiza no Centro Cultural Olga Cadaval, no dia 6 de fevereiro, a partir das 09h00.
ResponderEliminarEscrevi isto no meu blog n no ano passado :
EliminarHoje, dia 6 de Fevereiro Dia Internacional de Tolerância Zero para a Mutilação Genital Feminina, lembramos que A episiotomia é um ritual de mutilação genital aceite na nossa sociedade! Não são só as meninas africanas que são torturadas! As mulheres portuguesas também o são!
Episiotomia é o corte da vulva para o bebé nascer mais rapidamente. É feita muitas vezes por rotina, e a maioria das mulheres acha que é um procedimento útil. É o único acto cirúrgico possível de fazer no nosso corpo sem o nosso consentimento. Foi introduzida na obstetrícia SEM FUNDAMENTO cientifico ! Não existe um único estudo médico que conclua que é melhor cortar que rasgar!!
A verdade é que a vagina e vulva é um símbolo sexualmente poderoso e criativo na mulher logo é vista como ameaçadora pelos homens. Se estiver cortada perde o seu poder, e mais que isso, prova-se que é defeituosa e não consegue cumprir o propósito num parto - o nascer do bebé. Todo o corpo humano é retratado pela medicina como uma máquina defeituosa. A Yoni (vagina) é a rainha dos defeitos! Os defensores da episiotomia de rotina afirmam que protege a parturiente pois acreditam que o corpo feminino tem um defeito - uma vagina que não se adapta à passagem do bebé!
É uma verdadeira tentativa cultural de utilizar o nascimento para demonstrar a superioridade e controle do Masculino sobre o Feminino, da Tecnologia sobre a Natureza'. Através da única intervenção cirúrgica possível de fazer no nosso corpo sem o nosso consentimento, a vagina é mutilada pelo médico, o praticante do ritual e representante da sociedade, para ser então reconstruída culturalmente - pelo médico ;)
Mas a grande verdade é que a episiotomia é útil para a obstetrícia. Ao transformar o nascimento num procedimento cirúrgico de rotina, legitima-se a obstetrícia enquanto acto médico, usando uma das formas mais elaboradas de manipulação do corpo - a cirurgia.
Muito obrigada Cat pela tua Partilha, que conheço bem. ( Episiotomia é uma incisão efectuada na região do períneo - área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto.E conheci essa prática no meu próprio corpo (perineo totalmente destruído) . Como tenho tanto amigas obstetras como outras doulas, acho que seria um debate interessantíssimo a partir do meu blogue. Acho que nenhuma mulher pode ficar impassível a este tema...e acredito que os homens também precisam de conhecer esta realidade. Grata mais uma vez.
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